Na cena musical do interior paulista, um nome tem se destacado por sua autenticidade e pela força de suas composições: Do Prado. O cantor e compositor de Americana acaba de lançar seu primeiro álbum, Quantas vezes é possível se apaixonar?, trabalho que marca uma trajetória iniciada em 2015 e que hoje encontra sua síntese em dez faixas carregadas de sensibilidade e verdade.
“Esse álbum representa muito para mim porque reúne composições de dez anos da minha vida. É a primeira e única vez que consigo fazer esse ‘catado’ de músicas de um período tão longo”, conta o artista em entrevista à setlist. A pergunta que dá nome ao disco, segundo ele, permanece sem resposta definitiva: “Eu não sinto que respondo ela de forma clara, mas nas entrelinhas. Falo de diferentes tipos de amor: o próprio, o que vai embora, o dos amigos… e fiquei realmente me perguntando: quantas vezes é possível se apaixonar?”.
Além das narrativas afetivas, a vivência no interior paulista também aparece como elemento central em suas letras. Personagens como o passarinho e imagens de vento, cachoeira e calma interiorana atravessam o álbum. “Talvez eu traga essa calma do interior, esse olhar mais lento para o mundo. Até o meu nome artístico, Do Prado, carrega isso: Prado significa campo”, explica.
O lançamento aconteceu em grande estilo, com um show no Teatro Municipal de Americana, Lulu Benencase. “Nada disso estava nos planos, mas deu tudo certo. Foi um espetáculo grandioso, que deixou o álbum ainda mais sofisticado”, relembra.
Do Prado também integra o selo Mais Um Hits, responsável por impulsionar artistas autorais do interior paulista e por criar projetos como o Circuito Nova Música. O evento, que reuniu nomes como Dora Morelenbaum, foi marcante para o cantor: “Foi especial tocar e depois assistir artistas que admiro. Acho que esse movimento é algo singular no interior, algo que não víamos há dez anos”.
Entre suas influências, ele cita nomes consagrados como Jorge Ben Jor, Caetano e Gil, além de referências contemporâneas como Luísa e Bruno Berle, este último sendo peça-chave para o direcionamento estético do disco. E é justamente dessa soma de influências e da dificuldade de se enquadrar em rótulos que nasce a MPA: Música Popular Alternativa, gênero que ele apresenta ao público: “É para quem, como eu, esbarra nessa dificuldade de rotular o som. Tem MPB, mas não é só isso. Então criamos esse espaço da MPA”.
Quando perguntado sobre sua setlist obrigatória, o artista foi direto: Um Dia de Sol, Desde Quando e Canto nunca podem faltar em seus shows. Já sobre o que espera do público que escutar o álbum, a resposta vem carregada de sinceridade: “Espero que as pessoas sintam a verdade. Eu me coloco como alvo das minhas críticas, aponto meus defeitos e quero que quem ouvir perceba essa imperfeição da vida, essa vontade de viver amores intensos”.
Com Quantas vezes é possível se apaixonar?, Do Prado firma seu espaço na cena independente, trazendo frescor e poesia a partir de um olhar interiorano e apaixonado. Um álbum para ouvir com calma, em que cada faixa convida a sentir, refletir e, quem sabe, se apaixonar novamente.

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