Lollapalooza Chicago aposta em infraestrutura ampla e prática para experiência do público

 

Com quatro dias de programação intensa, palcos espalhados por mais de 120 hectares de Grant Park e dezenas de milhares de pessoas circulando diariamente, o Lollapalooza Chicago reafirma sua posição como um dos maiores festivais de música do mundo. Mas para além da escala e da curadoria musical, o que também chama atenção é a infraestrutura pensada para tornar a experiência do público mais fluida e funcional, ainda que nem sempre visualmente grandiosa.

Direitos autorais: Shea Flynn

Diferente da versão brasileira do festival, que ocorre no Autódromo de Interlagos, a edição de Chicago permite que o público entre e saia do evento com facilidade ao longo do dia. A reentrada é controlada por pulseiras RFID, que são escaneadas a cada movimentação e permitem até duas reentradas adicionais, o que favorece quem busca pausas estratégicas em hotéis próximos ou em restaurantes fora da área do festival.

Ao longo de Grant Park, os palcos são distribuídos com boa distância entre si, evitando a sobreposição de som. Os dois principais, Bud Light e T‑Mobile, ficam nas extremidades opostas do parque, e é comum levar de 15 a 30 minutos de caminhada entre eles. A disposição garante espaço para circulação, mas exige planejamento dos fãs que pretendem assistir a shows consecutivos de headliners diferentes.

Se nas redes sociais os palcos parecem menores em comparação aos do Lolla Brasil, a impressão se desfaz ao vivo: as estruturas são de grande porte e comportam multidões. O que muda é a perspectiva. “A distância entre os palcos principais e a dispersão natural do público podem dar a sensação de menor escala nos vídeos, mas in loco a grandiosidade é evidente”, comenta um dos frequentadores da edição 2025.

Outro ponto de contraste com a edição brasileira está na atmosfera e no comportamento do público. Em Chicago, o clima é mais despojado: os looks são mais simples, funcionais e voltados para o conforto, especialmente em dias de calor intenso. Mochilas de hidratação, por exemplo, são onipresentes. Elas se tornaram item quase obrigatório para frequentadores habituais, facilitando o consumo de água ao longo do dia sem depender de filas nas estações de recarga, embora estas também estejam presentes, e ofereçam água gratuita em diversos pontos do parque.

A área de alimentação é um capítulo à parte. Com dezenas de food trucks e tendas especializadas, o espaço é centralizado e bem distribuído, facilitando o acesso de qualquer ponto do evento. Os preços são elevados, especialmente para padrões brasileiros, mas a variedade compensa. Os visitantes encontram desde lanches rápidos até pratos elaborados, com alternativas vegetarianas e veganas, e filas que, mesmo nos horários de pico, raramente ultrapassam 15 minutos.

A mobilidade ao redor do evento é um desafio para a cidade. Parte das ruas próximas ao parque são interditadas semanas antes do início do festival, alterando o trânsito da região central de Chicago. O acesso ao local é facilitado pelo uso do metrô e de linhas de ônibus, e estacionamentos pagos como o Millennium Lakeside Garage servem de base para quem opta por transporte particular.

No quesito sustentabilidade e segurança, o festival também apresenta avanços. Há estações de reciclagem, uso de biodiesel em parte da operação e presença constante de tendas médicas. Em edições anteriores, já foram registrados casos de desidratação e exaustão por calor, o que levou a organização a reforçar ações de cuidado com o público.

Com uma estrutura focada na eficiência e uma vibe mais casual do que a versão brasileira, o Lollapalooza Chicago mostra que a experiência de um grande festival pode ser marcante sem precisar ser excessivamente cenográfica. O conforto, a organização e a autonomia do público são prioridades, e ajudam a explicar por que, ano após ano, o evento segue sendo um dos mais aguardados do calendário internacional.


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