A Farmasi Arena foi a casa escolhida para ser palco da despedida de Gilberto Gil, com duas datas esgotadas (25 e 26/10), a turnê tem sido um sucesso e essa etapa não foi diferente.
A noite de sábado (25/10) foi marcada por muita emoção. Apesar de um pequeno atraso para iniciar o show, o público emocionado cantou do início ao fim clássicos que marcaram a carreira de Gil, como “Andar com Fé” e “Tempo Rei”. Talvez show seja uma palavra simplista demais para definir a experiência que Gil - muito bem acompanhado de sua banda, que conta com grandes nomes como Mestrinho, além de Bem e João Gil também na direção musical - propõe para celebrar toda sua trajetória enraizada na cultura do país.
Toda a produção apresenta uma delicadeza impecável para criar uma narrativa coesa com o passar das músicas equilibrando efeitos mais extravagantes com pirotecnia e iluminação marcante e momentos mais contidos, como na canção “Cálice”, que trouxe imagens da ditadura e um breve vídeo de Chico Buarque falando sobre o contexto da faixa. Outro momento que deixou uma memória especial para o público presente foi a sequência de “Se Eu Quiser Falar Com Deus”, “Drão” e “Estrela”. Um momento agridoce e de muito emoção que evocou memórias, amores, fé e esperança.
Créditos: Julie / @jubsgama
Um dos destaques foram as participações da noite: Iza e Zeca Pagodinho. As participações dos artistas reforçaram a capacidade de Gil de alcançar diferentes gerações e gêneros. Com Iza nos vocais, a canção “Não Chore Mais” trouxe uma sensibilidade especial no timbre da carioca, em que Gil se coloca menos como protagonista e mais como um mestre que reconhece a importância de dar espaço para as novas vozes. Enquanto Zeca, com toda sua malandragem e história, fez o público explodir com sua participação em “Aquele Abraço” da forma mais calorosa e genuína possível.
A produção do show, embora grandiosa e cheia de elementos surpresas, nunca se sobrepõe à simplicidade inigualável de Gil. Tudo parece girar em torno da forma subjetiva com que o cantor encara o tempo e o fim de um ciclo. Um tributo vivo à beleza de sua obra e à leveza com que ele, mais uma vez, transformou o palco em um espaço de afeto, sabedoria e liberdade.
A turnê “Tempo Rei” não é um mero apelo nostálgico - um resgate de tempos que já se foram - mas sim um espelho da própria filosofia de Gil: “Tudo permanecerá do jeito que tem sido, transcorrendo, transformando, tempo e espaço navegando todos os sentidos.”

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