Monsters of Rock 2025: o Allianz Parque viveu um dia histórico para o metal

 

O dia 19 de abril começou quente - literalmente. O Allianz Parque ferveu sob o sol de outono e foi tomando forma desde cedo com filas enormes, camisetas pretas de todos os lados e aquela atmosfera clássica de festival de metal: gente de todas as idades, amigos de longa data, pais com filhos nos ombros e uma vibe de respeito e união que só esse tipo de evento consegue ter.


Mayara Abreu / @mayabreuq

O calor permaneceu firme durante a maior parte do festival, acompanhando os shows potentes do Stratovarius, Opeth, Queensrÿche, Savatage e Europe. Só lá pro fim da noite, quando o Judas Priest entrou com tudo no palco, é que o tempo resolveu mudar. A chuva chegou forte, e ficou até o encerramento com o Scorpions - mas longe de espantar o público, ela ajudou a criar o cenário perfeito pro grand finale: um estádio lotado, encharcado, cantando junto e celebrando o metal com alma.

 

Quem abriu o festival foi o Stratovarius, e não podia ter começado melhor. A galera ainda estava entrando, mas já dava pra ver cabeças balançando e punhos erguidos. A banda chegou com som impecável e presença de palco, desfilando solos afiados na passarela montada no centro da plateia. Foi ali que começaram a desenhar o que seria o resto do dia: shows entregues com sangue nos olhos e alma no palco.


 

Na sequência, o Opeth mergulhou o Allianz num clima denso e hipnotizante. Com um set que passou por diferentes fases da banda, os suecos prenderam a atenção até de quem não era fã - e quem era, estava em êxtase. A imersão foi total, com uma banda técnica, precisa e, principalmente, muito afiada ao vivo.


 

O Queensrÿche veio depois e foi uma das grandes surpresas do dia. Mesmo quem não conhecia muito a banda saiu comentando a potência da apresentação. Voz absurda, execução redondinha e um peso que, ao vivo, parece ainda maior. Surpreender positivamente num festival com esse nível de line-up é pra poucos.


 

Mas o Allianz virou um caldeirão de emoção mesmo foi com o Savatage. Tinha muita camiseta da banda pelo estádio, e a galera tava visivelmente ali por eles. Depois de 10 anos sem tocar, a banda voltou com tudo: entrega, técnica e, acima de tudo, emoção. As homenagens a Jon e Chris Oliva foram de arrepiar, e o coro do público ecoava como se todos estivessem esperando por esse momento há décadas. Um dos shows mais intensos da noite.


 

O Europe chegou como quem não precisa provar mais nada — e ainda assim mostrou tudo. Com uma setlist recheada de hits (e não só The Final Countdown), Joey Tempest deu aula de frontman, interagindo com o público e com uma bandeira do Brasil pendurada na calça o tempo todo. A vibe foi de nostalgia, energia boa e entrega de quem tá feliz demais por estar ali. Se tivessem marcado show solo, ia ter fila de novo no dia seguinte.


 

A chuva começou a dar as caras durante o Judas Priest, mas se alguém se preocupou com isso, esqueceu logo nas primeiras notas. Rob Halford é o próprio metal em pessoa, com figurino trocado a cada música, vocais potentes e presença magnética. O palco com o símbolo da banda suspenso e iluminado completava o clima épico. O set misturou clássicos e faixas novas, todas recebidas com empolgação  e a promessa de volta ao Brasil deixou geral animado.



Para encerrar, o Scorpions trouxe uma celebração à altura dos 60 anos de estrada. A chuva engrossou, mas ninguém arredou pé. O show começou com um vídeo projetado como se fosse um documentário da trajetória da banda, preparando o público pro que viria: clássicos, emoção, Mikkey Dee quebrando tudo na bateria e Klaus Meine afinadíssimo. E sim, teve Still Loving You - que não havia rolado no show anterior da turnê e emocionou o estádio todo. Flashs acesos, vozes em uníssono, olhos marejados. O escorpião inflável gigante surgiu no fim do set e completou o cenário de um show que fica na memória.



No fim das contas, o Monsters of Rock foi tudo que se esperava e mais um pouco. Um line-up histórico, um público apaixonado e a certeza de que o metal segue vivo, forte, intergeracional e pronto pra mais.



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