Todo mundo já teve aquele momento de se olhar no espelho e pensar: “quem eu sou no meio disso tudo?” O novo álbum do YUNGBLUD, IDOLS, lançado nesta sexta-feira (20), não só entende essa pergunta como grita ela de volta pra gente com som, suor, ferida aberta e brilho nos olhos.
Logo de cara, em "Hello Heaven, Hello", ele nos dá as boas-vindas a esse universo particular onde dor, dúvida, identidade e libertação se misturam em um caldeirão fervendo. É o tipo de música que parece escrita num lugar entre o fim do mundo e o início de algo novo. Quase nove minutos que passam voando porque a gente está muito ocupado sentindo.
YUNGBLUD nunca foi um artista discreto, mas aqui ele se mostra mais íntimo do que nunca. As faixas vão de lamentos quase sussurrados a explosões viscerais, e tudo isso com um lirismo que não precisa de grandes metáforas pra atingir. "Lovesick Lullaby" é exatamente isso: uma canção de ninar pra corações exaustos, doídos de amar demais, de esperar demais. Já "Zombie" é um soco. Duro. Real. Um lembrete cruel de que se a gente não cuidar da nossa humanidade, ela se apaga. E o pior: às vezes a gente nem percebe.
O álbum inteiro é uma conversa. Entre o YUNGBLUD e ele mesmo, mas também com a gente, que está escutando, buscando algum tipo de consolo. "Change" tem aquele gosto de decisão difícil. Aquela hora em que você sabe que precisa se afastar, se reconstruir, se salvar. Enquanto isso, "Fire" e "War" são chamas e conflitos. Aquele grito que a gente segura na garganta por semanas, meses, anos… até que explode.
Mas o que torna IDOLS tão poderoso é que ele fala sobre crescer sem perder a poesia. Sobre se despir de heróis, ídolos, e colocar a própria pele no jogo. "Idols Pt I" e "Pt II" são espelhos disso. Começamos idolatrando, terminamos nos olhando. Finalmente. É o tipo de amadurecimento que não vem com manual, só com vivência.
E aí, quando tudo parece já ter dito o que precisava, chega "Supermoon". Calma, bonita, brilhando suave. Um lembrete de que a vida ainda guarda beleza, mesmo depois de todo o caos. Que ainda tem luz, mesmo nas noites mais pesadas.
IDOLS é, no fim das contas, sobre encontrar sentido no meio da bagunça. Assumir quem a gente é, mesmo quando ninguém entende. É sobre ter coragem de se olhar no escuro. E, se for preciso, acender uma superlua dentro do peito.
Se você já se sentiu perdido, insuficiente, quebrado, esse álbum é pra você. E se você ainda vai se sentir assim (porque, spoiler: vai), guarde ele na manga. Você vai precisar.
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