Quando os integrantes da Supercombo estavam em pré-produção do novo álbum, no “incrível mundo na zoeira”, como descreveu Leo Ramos, ouviram um comentário bem-humorado de que algumas de suas canções pareciam um caranguejo, que tinham “uma cara meio estranha, que ía para um lado e depois para o outro”, talvez sem muita definição. Eles adoraram essa ideia e, a partir desse momento, decidiram que o disco teria esse nome e perceberam a figura do caranguejo e seus simbolismos como uma forte presença no trabalho, sendo protagonista do clipe e da capa.
Tal como o bicho que se esconde na areia, buscando a
segurança no seu lugar de origem, a Supercombo resgata a essência da banda
nesse álbum, que traz o rock como matéria principal, mas que flerta com ritmos
brasileiros e até com piseiro, inclusive no divertido primeiro single, “Piseiro
Black Sabbath”. “Fizemos esta quase de brincadeira, gravando todo mundo na mesma
sala, no mesmo estúdio. Começamos a experimentar uns ritmos brasileiros, o
piseiro ficou bom e fomos encaixando a música” – comentou a baixista e
vocalista Carol Navarro.
O álbum abre com o rock “A Transmissão”, que remete um pouco aos
primeiros discos da banda, em seguida “Piseiro Black Sabbath” traz a
versatilidade já característica da Supercombo e o som fica mais pesado na
irônica “Hoje Eu Tô Zen”, quando o refrão quase gritado contrasta com a letra
“Hoje eu tô zen/Hoje eu tô zen”. “Alento” é um pop/rock perfeito com aqueles
refrões que não saem da cabeça e Leo Ramos escreveu para sua filha.
Como bem comentou Paulo Vaz, “A gente é uma banda de rock. Sempre
tem algumas brasilidades e compomos em português, mas a gente gosta mesmo é de
riff de guitarra”. “Testa” é uma balada introspectiva sobre luto, acompanhada
de um instumental indie dançante. “Nossas Pitangas” remete um pouco aos anos
80/90, bandas como Tears For Fears e aqueles teclados típicos da época. A
última faixa, “Alfaiate”, narra os dramas de uma pessoa sem auto-estima usando
o universo da costura como metáfora.
“Caranguejo” é o disco mais produzido da carreira do Supercombo,
com mais recursos eletrônicos. Além da própria banda, o jovem produtor Victor
de Souza, o Jotta, assina tanto a produção como a pós-produção. “ele transita
muito nesse universo do pop, do hiperpop e da música urbana. O trabalho que
fizemos juntos foi fundamental para esse resultado” – comentou Leo.
Depois das músicas prontas, eles estavam pensando em como
agrupá-las e Leo deu a ideia de fazer o disco em duas partes que serão
paralelas, a primeira música de um conversa com a primeira música do outro e
assim por diante. “Fora isso achamos que ter dois momentos para o álbum seria uma
forma de dar mais atenção às canções, já que vivemos numa era meio imediatista
e viciada em singles” – comentou André Dea.
Assim sendo, a primeira parte de “Caranguejo” é para ser saboreada
com tempo e atenção a todos os detalhes e depois ainda ficar na expectativa do
que virá em 2026.
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