Com mais de três décadas de estrada, o Planet Hemp cruzou caminhos e construiu vínculos com muitos nomes que ajudaram a moldar a música brasileira. Entre esses encontros, um especial com a Nação Zumbi no início dos anos 1990, em Ipanema, no Rio de Janeiro, se transformou em amizade, respeito, troca e celebração. A novidade é que esse ícone do manguebeat e da cultura nacional aceitou o convite de Marcelo D2, BNegão e sua trupe para abrir a apresentação da turnê de despedida A Última Ponta em Recife, que ocorre no dia 8 de novembro, no Classic Hall. Vale lembrar que os últimos ingressos para acompanhar a performance estão disponíveis pelo site da Eventim (acesse aqui). A tour é uma realização da 30e, maior companhia brasileira de entretenimento ao vivo.
“O encarte do disco Da Lama ao Caos foi a primeira vez que o nome do Planet Hemp apareceu fora dos nossos próprios panfletos. Foi algo surreal para a gente na época”, relembra BNegão. “Somos grandes amigos. Poder ter a Nação Zumbi com a gente desde o início até agora, no nosso último show no Recife, é um belo fechamento de ciclo”, completa Marcelo D2.
Além da amizade cultivada ao longo dos anos, as duas bandas compartilham uma pulsação artística comum marcada pela mistura de gêneros, quebra de padrões e uso da música como forma de crítica e expressão. Esse elo se traduz também no palco: o Planet Hemp frequentemente reverencia a Nação Zumbi ao entoar “Samba Makossa” em seus shows. A faixa foi registrada no audiovisual BASEADO EM FATOS REAIS: 30 ANOS DE FUMAÇA (AO VIVO), gravado em São Paulo (assista aqui).
“Nos conhecemos há 30 anos. As duas bandas contemporâneas do selo Chaos. Será uma noite de celebração de três décadas desse corredor sonoro do tempo”, afirma Jorge Du Peixe, vocalista da Nação Zumbi.
Na ocasião, a banda apresenta o último show da turnê Da Lama Ao Caos - 30 anos em Recife, dedicado ao disco que revolucionou a música brasileira ao trazer o maracatu para o centro da cena, fundindo ritmos nordestinos com rock, rap e poesia urbana. O álbum, que foi a estreia de Chico Science & Nação Zumbi, permanece como um marco da cultura nacional. Além de Jorge Du Peixe (vocal), Dengue (baixo), Toca Ogan (percussão), Marcos Matias e Da Lua (tambores), Tom Rocha (bateria) e Neilton Carvalho (guitarra), o grupo ainda vai receber Maciel Salú, rabequeiro, cantor, compositor, mestre de maracatu-rural e militante das tradições populares para uma participação especial.
A história do Planet Hemp
Foi uma camiseta com estampa da banda californiana Dead Kennedys que chamou a atenção de Skunk e o fez ter a primeira interação com Marcelo D2, que, na época, em 1992, vendia camisetas de bandas de rock e vinis usados no bairro do Catete, no Rio de Janeiro. A construção dessa amizade e o interesse mútuo por música resultou na fundação do Planet Hemp que, antes mesmo de ter um álbum lançado, já se apresentava nas casas alternativas das capitais fluminense e paulista e começava a movimentar a cena underground. Em 1994, no entanto, a trajetória de Skunk foi interrompida de forma precoce: ele morreu aos 27 anos. O BNegão, que já acompanhava o grupo de perto, assumiu os vocais, consolidando a formação que se tornaria histórica. “O Planet tem essa coisa singular de ser uma banda underground que habita o mainstream de forma convicta, e isso vai ser levado às últimas consequências nessa tour”, afirma o músico.
Atualmente, o Planet Hemp é formado por Marcelo D2 (vocal), BNegão (vocal), Formigão (baixo), Nobru (guitarra), Pedro Garcia (bateria) e Daniel Ganjaman (guitarra e teclados).
O grupo se destaca pela fusão inédita entre rap, rock'n roll, psicodelia, hardcore, e ragga, com elementos da música brasileira. Resultando em uma identidade sonora única, que não apenas influenciou o cenário musical e político do país, mas, sobretudo, surgiu como uma voz audaciosa na defesa da legalização da maconha, confrontando as estruturas conservadoras da sociedade brasileira.
Usuário (1995), o álbum de estreia, rapidamente se tornou um clássico, com letras diretas e beats pesados. Foi o cartão de visita do Planet Hemp, com sucessos como “Legalize Já”, um manifesto em defesa da descriminalização da maconha; “Dig Dig Dig (Hempa)”, uma crítica à guerra às drogas; e “Mantenha o Respeito”, um grito contra o autoritarismo policial.
Esse discurso direto, irônico e propositalmente subversivo do grupo rendeu um espaço de respeito na cena musical pela constância das mensagens de suas músicas, que reivindicam a legalização da maconha como uma forma genuína de liberdade de expressão, além de denunciar a violência policial e a destruição ambiental. “O Planet Hemp surgiu com menos de 10 anos após a Ditadura Militar. Se falava muito do que se podia e não. Fomos vanguarda ao falar da legalização das drogas, mais que a questão medicinal, abordamos o prejuízo social que a ilegalidade traz. Puxamos conversas que foram necessárias para a sociedade, levantando assuntos que nem podiam se falar nos anos 1990", afirma D2.
Em 1997, na crescente do sucesso, os integrantes da banda foram presos acusados de “apologia às drogas” por conta das letras e discursos em seus shows, após uma apresentação em Brasília. O episódio gerou grande repercussão na imprensa, mobilizou artistas e intelectuais, e transformou o grupo em símbolo nacional de resistência cultural e liberdade de expressão. Longe de enfraquecê-los, a prisão fortaleceu sua base de fãs e acendeu o debate sobre os limites da arte e da censura no Brasil pós-ditadura.
A discografia do Planet Hemp também inclui os álbuns Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára (1997), lançado logo após o episódio da prisão, com faixas ainda mais incisivas sobre repressão e desigualdade, incluindo a música que tem o excerto que nomeia a turnê de despedida. A Invasão do Sagaz Homem Fumaça (2000) aprofundou o experimentalismo sonoro; e, após um longo hiato, o retorno com JARDINEIROS (2022) uniu a fúria política de sempre à uma produção mais contemporânea. Esse último trabalho, inclusive, rendeu dois prêmios GRAMMY Latino, em 2023. O grupo venceu nas categorias “Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa” e “Melhor Interpretação Urbana em Língua Portuguesa”, com a faixa “DISTOPIA”, parceria com Criolo — mostrando que o Planet Hemp segue relevante mesmo depois de três décadas.
Com suas letras combativas, postura antissistema e shows incendiários, o Planet Hemp consolidou-se como uma das principais vozes da contracultura brasileira e serviu de influência tanto na música quanto no discurso político e social no país. Os músicos são donos de um legado que atravessa gerações, desafia normas e amplifica lutas que ainda estão longe de terminar. A turnê A Última Ponta conclui uma trajetória consagrada do Planet Hemp, incluindo uma apresentação no Allianz Parque.
O trabalho mais recente do grupo é o registro audiovisual BASEADO EM FATOS REAIS: 30 ANOS DE FUMAÇA (AO VIVO), gravado em uma apresentação em São Paulo, no último ano, com a participação especial de nomes como Pitty, BaianaSystem, Major RD, Rodrigo Lima e Tropkillaz. “O show que fizemos para a gravação do DVD dá uma boa dica do que os fãs podem esperar desta turnê. Teremos mais tempo de palco, tocando algumas músicas que não tinham entrado no repertório e, claro, com convidados que passaram pela história do Planet”, finaliza D2.
Outras datas da turnê de despedida estão marcadas para o Rio de Janeiro, Recife, Goiânia, Brasília e Belo Horizonte. Todas as informações dos shows nessas cidades, especificamente, podem ser conferidas no site oficial da banda (acesse aqui).
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SERVIÇO:
Planet Hemp - A Última Ponta
Realização: 30e
RECIFE
Data: 8 de novembro de 2025 (sábado)
Local: Classic Hall - Av. Gov. Agamenon Magalhães, S/N - Salgadinho, Olinda - PE
Horário de Abertura da casa: 20h
Classificação Etária: Entrada e permanência de crianças/adolescentes de 5 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais
Ingressos:
Pista Lote 2 - R$ 77,50 (meia-entrada legal) | R$ 100,75 (entrada social) | R$ 155,00 (inteira)
Pista Premium Lote 1 - R$ 122,50 (meia-entrada legal) | R$ 159,50 (entrada social) | R$ 245,00 (inteira)
Camarote P3 - R$ 305,00 (inteira)
Camarote P2 - R$ 355,00 (inteira)
Camarote P1 - R$ 405,00 (inteira)
Vendas online em: eventim.com.br/planethemp
Bilheteria oficial: Av. Gov. Agamenon Magalhães, S/N - Salgadinho, Olinda - PE
Funcionamento: Segunda a Sexta das 9h às 18h / Sábados: 9h às 12h / Domingos e feriados não abre
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