Em uma noite dedicada ao rock no Festival Sou + Clube, que neste ano celebrou mais um marco na história do Clube de Campo de Tatuí, a Malta provou, mais uma vez, por que ocupa um dos palcos mais consistentes, técnicos e emocionais do rock brasileiro contemporâneo. O que eles entregaram na última sexta (14), foi uma aula. Uma lembrança do motivo principal pelo qual precisamos, urgentemente, valorizar e proteger a cena do rock nacional.
Desde o primeiro acorde, a banda formada por João Gomiero (voz), Thor Moraes (segunda voz e guitarra), Diego Lopes (baixo) e Adriano Daga (bateria), fez aquilo que poucos grupos conseguem: uniu a energia explosiva de um grande espetáculo à precisão cirúrgica de quem domina cada centímetro do palco. Para o público comum, a experiência já é arrebatadora. Para quem, como eu, assiste com o olhar atento de quem ama, acompanha e também observa bastidores, o impacto é ainda maior. Cada conversa de intervalo entre as músicas, cada troca de olhar, cada gesto de alinhamento, tudo revela uma banda que funciona como organismo vivo, em sintonia plena.
A banda não apenas tocou; eles construíram atmosferas. Entre entradas perfeitamente cronometradas de instrumentos, viradas precisas de bateria, baixo firme e bem encaixado que sustentava cada mudança de dinâmica, linhas de guitarra que se costuravam com naturalidade às transições e medleys carregados de potência emocional, a Malta mostrou um domínio musical que não deve nada a nenhuma grande banda de rock, seja nacional ou internacional.
É um show impecável para qualquer tipo de espectador. Para o fã que chega para cantar alto e sentir o peito vibrar, para o observador técnico que presta atenção na qualidade do som, e para quem, como eu, já reconhece não só o que está no palco, mas tudo que existe entre uma música e outra: o cuidado, a entrega, a responsabilidade artística.
A Malta honra o palco que pisa. Honra o público que os acompanha. E, acima de tudo, honra a história do rock brasileiro, carregando esse legado com louvor em um cenário que ainda precisa ser muito mais celebrado. Ali, eles lembraram a todos nós que o rock nacional ainda pulsa forte, afiado e vibrante.
E que, enquanto existirem bandas como a Malta, este pulso não será esquecido tão cedo.

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