Resenha: A Nostalgia Me Abraçou, disco de estreia do Paralelo ao Fim

 

A Nostalgia Me Abraçou é um abraço apertado de quem você não vê há anos, mas que ainda sabe seu nome, suas dores e seus silêncios. É o som de dois amigos que cresceram juntos e decidiram transformar lembranças em canções, não para reviver o passado, mas para entendê-lo, curá-lo e deixá-lo viver em forma de arte.

O duo Paralelo ao Fim, formado por Guilherme Medeiros e Vinicius Almeida, estreia com um álbum que soa como confissão e catarse. Gravado no Family Mob Studios e produzido por Gabriel Zander, uma referência viva do emo nacional, o disco carrega uma estética que não se limita a gêneros. Há emo, punk, indie, mas acima de tudo há verdade. E essa verdade é o que torna o álbum tão necessário para fãs dos estilos mencionados.

Desde os primeiros acordes, o que se ouve é uma saudade que impulsiona. As guitarras conversam com tudo. Os vocais desabafam. Cada faixa parece escrita para alguém que já esteve lá, naquele lugar escuro da ansiedade, da desilusão amorosa, da dúvida sobre o próprio caminho. Mas o disco não se afoga nisso, ele respira, te mostra que o fim é apenas um: sobreviver pelas coisas boas de toda a sua trajetória.

“Grito”, por exemplo, é uma memória reimaginada. Composta na adolescência e resgatada com maturidade, ela mostra como o tempo pode ser um aliado criativo. O clipe, dirigido por Giovana Padovani, reforça essa estética de reconexão com o passado, longe de um ordinário fetiche visual, mas como ferramenta de expressão.

Na produção, Gabriel Zander amplifica a essência da banda. A produção é limpa, mas não polida demais. Há espaço para respirações, para silêncios. Isso é raro. Leeo Hanna, na engenharia de som, também acerta ao criar uma ambiência que respeita a intimidade das composições.

O disco soa como se tivesse sido feito para ser ouvido sozinho, de fones, no quarto, mas também funciona ao vivo, como provado na estreia em São Paulo, abrindo para Zander, ou na participação da Paralelo ao Fim na quarta edição do Circuito Nova Música, Novos Caminhos.

É um trabalho que se adapta ao espaço emocional de quem escuta. As letras são o coração do álbum. São simples e sinceras e isso é mais difícil do que parece. Falar de ansiedade, de amor que não deu certo, de cotidiano, sem cair no lugar-comum, exige coragem. E o duo tem essa coragem. Eles escrevem como quem viveu e como quem ainda está vivendo.

Banda: Paralelo ao Fim

Álbum: A Nostalgia Me Abraçou

Selo: Downstage

Resenha por: Erick Tedesco

Ouça aqui!: https://found.ee/paraleloaofim_anostalgiameabraou

Instagram: www.instagram.com/paraleloaofim

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