Era feriado nacional, mas o clima na casa Áudio, na zona
oeste paulistana, era de celebração pessoal e coletiva. Na noite de 12 de
outubro de 2025, o The Calling fez mais do que apenas cumprir mais uma data de
sua turnê brasileira: ofereceu uma viagem nostálgica embalada por emoção,
energia e reverência ao público que nunca os abandonou.
Às 20h30, sob gritos e palmas de uma plateia apaixonada, Alex
Band subiu ao palco como quem retorna a um lar. E, de fato, não foram poucas as
vezes em que o vocalista (agora aos 44 anos) afirmou, em bom português, que o
Brasil “é sua segunda casa”. O carinho foi imediato e recíproco.
Voz que
marcou uma geração
A abertura com “For You” não poderia ter sido mais simbólica.
Conhecida por fazer parte da trilha sonora do filme Demolidor (2003), a faixa,
mostrou que a banda não estava ali para apenas reviver o passado, mas também
para reafirmar sua relevância. Ainda assim, foi impossível escapar da carga
emocional de hinos como “Adrienne” e “Could It Be Any Harder”, recebidos com
coro uníssono e olhos marejados.
A voz rouca e intensa de Alex Band permanece como a
assinatura sonora do grupo, e em São Paulo ela soou ainda mais pessoal. “Eu te
amo, Brasil!”, ele gritou mais de uma vez, provocando uma onda de celulares no
ar, abraços apertados e sorrisos nostálgicos.
Repertório
equilibrado e surpresas acústicas
O setlist mesclou clássicos com três músicas inéditas que
farão parte do próximo álbum, previsto para 2026: “Don’t You Cry”, “Hold On Me”
e “Stand Up Now”. Esta última teve o clipe exibido nos telões, enquanto Alex
apontava para rostos familiares na plateia. Fãs de longa data que ele disse
reconhecer de gravações anteriores da banda no país.
O momento mais íntimo da noite veio quando Band interrompeu o
show para um bloco acústico. Sentado em um banquinho, apenas com um violão e
sua voz, ele perguntou: “O que vocês querem ouvir agora?” Após gritos variados,
atendeu ao pedido por “Euphoria”, faixa rara que não costumava figurar nos
shows, mas que havia sido solicitada por uma fã horas antes, no Meet &
Greet.
“Essa é pra você. Eu prometi, e promessa é dívida”, disse,
arrancando aplausos e lágrimas.
Máquina do
tempo emocional
O grande ápice, como não poderia deixar de ser, veio com
“Wherever You Will Go”. O hit atemporal lançado há mais de duas décadas,
transformou o salão da Áudio em um coral de milhares de vozes. E ali, por
alguns minutos, os anos 2000 voltaram. Ou melhor: nunca foram embora.
A iluminação intimista, o som bem calibrado e a produção
sóbria permitiram que o foco estivesse onde devia: na conexão visceral entre
banda e público. Não houve pirotecnia nem exageros. Houve presença, entrega,
memória, e isso foi mais que suficiente.
The Calling, em sua volta a São Paulo, entregou uma
celebração da música como elo entre passado e presente. Foi, acima de tudo, uma
noite de reencontros: com as canções que moldaram uma geração, com a banda que
marcou a juventude de muitos, e consigo mesmo.
Para quem estava lá, será difícil esquecer. Para quem não
estava, resta torcer por uma volta, com ou sem máquina do tempo.

0 Comentários