Na noite de 4 de novembro de 2025, o histórico palco do Circo Voador no Centro do Rio de Janeiro se transformou em cenário de um fenômeno sonoro: Tash Sultana subiu para catalisar uma energia que ultrapassou música foi pura vibração coletiva, uma tessitura entre artista e público carioca de rara sincronia.
Imersivo, intenso e singular essas palavras definem muito bem a vibe do show. Em cada momento, parecia que a artista estava vivendo o som e o público também. Logo no começo, a plateia já se rendeu: sorrisos, corpos em leve balanço, olhos atentos e de repente a sensação de todas as pessoas respirando o mesmo sopro musical.
A turnê Return to the Roots, que traz o novo EP homônimo lançado em 2025, foi o mote desse encontro. O trabalho de seis faixas marca uma volta à essência, à liberdade criativa que sempre fez parte da trajetória de Tash. A partir desse momento de reconexão, o show no Rio se desenrolou como um tributo à autonomia artística e o Circo Voador, pela sua história e vibração, não poderia ter sido outro lugar para isso.
A carreira da australiana é marcada por essa singularidade: começou tocando sozinha, em vídeos no quarto, fazendo gravações, loops, instrumentos sobrepostos, sem truques apenas talento bruto e invenção constante. O que vimos no Circo Voador foi o reflexo vivo dessa trajetória: solos de guitarra que cortavam o ar com precisão; solos de flauta que deslizavam suaves, quase etéreos e entre os dois extremos, camadas de loop, grooves que se expandiam, momentos de silêncio carregados, antes da explosão sonora.
O público carioca e de modo geral o Brasil mostrou porque é conhecido por sua intensidade: aplaudiu com fervor, cantou junto, vibrou como se cada acorde fosse um pulso coletivo. Em momentos de puro êxtase, Tash foi ovacionada e aclamada foi como se, naquele instante, palco e plateia fundissem numa só onda. A conexão foi hipnótica.
E mais: a ambientação do Circo Voador fez sua parte a estrutura antiga, as laterais abertas, a vibração carioca colaboraram para que tudo soasse mais orgânico, mais visceral. Tash não apenas tocou ali, ela preencheu o espaço, tomou conta do palco, respirou o público, e esse público devolveu com a mesma entrega. Se você estava ali, sentiu.
Se não estava, imagine: guitarras que reverberam no peito, flauta que sussurra verdades, loops que elevam e corpo que vibra.

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